quarta-feira, 15 de julho de 2009

Ford Maverick Station Wagon (1978)


"A perua Maverick de quatro portas, uma das novidades do mercado brasileiro de carros personalizados, tem desempenho satisfatório, consumo regular, espaço para seis pessoas e boa capacidade de carga. Essas foram algumas das conclusões do teste exclusivo feito por Quatro Rodas com esse utilitário construído pelo revendedor For Souza Ramos, de São Paulo.
Em nosso teste, a perua Maverick atingiu a velocidade máxima de 145,748 km/h, acelerou de 0 a 100 km/h em 18,97 s, fez a prova de retomada de 40 a 100km/h, em quarta marcha, em 27,07 s, obteve 8,44 km/l de média de consumo e percorreu 33,40 m antes de parar quando freada a 80 km/h. Foram marcas um pouco inferiores às do Maverick LDO de quatro portas e podem ser consideradas boas, considerando-se que a transformação da carroceria acrescentou 72 kg ao peso do carro original. A perua pesa 1.400 kg.
A perua testada foi feita com base num Maverick LDO de quatro portas , equipado com um motor de 4 cilindros. Portanto é o modelo de melhor acabamento interno da linha e custa Cr$ 178 000,00, com dois opcionais incluídos: O limpador do vidro traseiro e o bagageiro. A Souza Ramos oferece mais duas versões, Super e Super Luxo, que podem ser equipadas com os opcionais oferecidos pela Ford para a linha Maverick: Motor V8 e outros. Existe também a possibilidade de se transformar um Maverick usado. A transformação custa Cr$ 50 000,00.
Sem modificar a estrutura básica do modelo sedã, a capota é cortada um pouco à frente da coluna central, eliminando-se a tampa do porta-malas e o vidro traseiro. O espaço resultante dessas modificações fica reservado para carga. Nova capota de aço estampado , com ressaltos longitudinais de reforço, é soldada à capota dianteira e às laterais. E as colunastraseiras são diminuidas, ficando com a largura aproximada das dianteiras. Na parte final do porta-malas são colocadas mais duas colunas, com um reforço transversal na capota, o mesmo ocorrendo nas colunas que tiveram corte (nestas são dois reforços). Esses reforços servem para evitar problemas de torção da carroceria. Na parte final do porta-malas, de cada lado, é colocado mais um vidro lateral.
A porta traseira é de fibra de vidro com duas dobradiças na parte superior, sustentada por dois amortecedores a gás quando aberta ao máximo. E o assoalho do porta-malasé substituído por uma chapade aço, com uma tampa central fácil de abrircobrindo a roda de estepe. Do lado esquerdo há espaço para o macaco, que fica oculto por uma portinhola. Do lado direito do compartimento para carga, que é forrado com carpete, fica o extintor de incêndio, junto ao banco traseiro. Aliás, existe outro na frente, perto do acompanhante do motorista.
Por dentro, na frente, a perua é igual ao Maverick LDO de quatro portas, com banco inteiriço e alavanca de mudanças na coluna de direção. No painel, a única diferençaé um conjunto de botão de acionamento do lavador e limpador elétrico do vidro traseiro. Aliás, esse conjunto preto destoa do interior monocromático marrom.
O banco traseiro também foi alterado em relação ao utilizado no Maverick original. Ele tem a mesma estrutura do utilizado na Belina: O assento se move para a frente e o encosto para baixo, depois de destravado por uma maçaneta central colocada na parte posterior. Com o banco baixado, o espaço para bagagem aumenta de 880 para 1 530 litros. Com o banco armado, a Caravan tem capacidade para 774 litros; a Belina II, 768 litros; e a Variant II, para 604 litros.
Outra modificação da perua Maverick é feita no pára-lama direito traseiro, onde foi instalado o bocal do tanque de gasolina. Na linha Maverick original a tampa do tanque de gasolina fica na parte central do painel traseiro. A traseira do novo utilitário, aliás, apesar da grande modificação, continua semelhante à de linha original Maverick. E as lanternas originais foram mantidas, embora mais deslocadas para o centro, por causa do recorte de abertura da porta traseira.
A mecânica da perua Maverick é a mesma de toda a linha Ford: motor de quatro cilindros 2 300 cm³ e 99 CV (72,9 kW) SAE de potência.
A perua Maverick alcançou a velocidade máxima de 145,748 km/h (média das passagens), com a melhor passagem em 146,938 km/h. Partindo da imobilidade, precisou de 12,32 segundos para chegar aos 80 km/h e 18,97 segundos para atingir os 100 km/h. São resultados um pouco inferiores ao do Maverick LDO quatro portas, que chegou a velocidade máxima de 149,688 km/h e acelerou de 0 a 100 km/h em 18,37 segundos. Na prova de retomada, partindo de 40 km/h em quarta marcha, a perua precisou de 17,65 segundos para atingir os 80 km/h.
Destacando-se ainda em favor do desempenho que o carro testado tinha a alavanca de mudanças na coluna de direção, o que faz com que os engates das marchas sejam mais lentos que os de câmbio no assoalho, por causa do longo curso da alavanca. Em compensação, o carro pode levar seis pessoas, porque tem banco inteiriço na frente.
A estabilidade de peruas Maverick é boa. Com a parte de trás pesada ela é quase neutra nas curvas. A pequena tendência para sair de traseira no limite máximo de aderência é facilmente corrigida por qualquer motorista com um leve toque no volante de bom diâmetro de empenhadura.
Mais dois fatores contribuem para a boa estabilidade: o bom conjunto de suspensão, apesar de macio, e a utilização dos pneus radiais 185 Sr 14 (opcionais).
A suspensão, os assentos maciostornam o carro confortável. Nesse aspecto é bom salientar também que, com o novo assento traseiro o espaço para as pernas dos passageiros do banco de trás aumentou em relação ao do Maverick original.
Com o assento dianteiro todo à frente sobra o espaço de 43 cm e com o banco para trás de 32 cm. No Maverick os espaços correspondentes são de 36 cm e 22 cm, respectivamente.
No teste de freio, as marcas obtidas pela perua foram satisfatórias e um pouco superiores às que havia obtido o Maverick LDO de quatro portas, que também estava equipado com pneus radiais. Freada a 100 km/h ela percorreu 48,90 m contra 47,22 m do sedã. Nas freadas com travamento das rodas, ela apresentava uma pequena tendência de jogar a frente para o lado esquerdo. Mas essa tendência, fácil de corrigir, talvez seja resultado de uma regulagem imperfeita.
A economia não é um dos pontos de destaque da perua Maverick. Pelo nosso sistema, atingiu a média de 8,18 km/litro, marca inferior a do Maverick LDOde quatro portas (9,42 km/litro). Na estrada, percorreu 8,94 km/litro e, durante o teste, o consumo foi de6,87 km/litro. O maior consumo, em relação ao sedã, deve ser atribuído ao maior peso da perua, além do fato de que o motor ainda não estava completamente amaciado durante o teste.
O acabamento é de bom nível, mas há algumas restrições, como, por exemplo, as peças fixadas para que os passageiros se segurem, mas que são menores do que as mãos e a má junção do forro ao teto nas colunas das portas traseiras.
Por fora o logotipo Maverick 4 foi colocado um pouco abaixo do lugar do original, mas a Souza Ramos nos entregou o veículo ainda com os furos destinados ao seu suporte anterior.
A colocação do limpador do vidro traseiro foi uma boa idéia, mas ele deveria ter curso maior para limpar área mais ampla. O nível de ruídos no compartimento de passageiros é pequeno, apesar da utilização de pneus radiais; o maior barulho é provocado pelo diferencial.
Conclusão: A perua Maverick é uma boa opção para o mercado de utilitários, apesar de sua produção ser bastante limitada (a Souza Ramos planeja construir dez por mês). Ela tem bom desempenho, consumo razoável, ótimo espaço para carga, acabamento satisfatório e bom nível de conforto. De qualquer forma, pela produção limitada e o alto preço, é um carro para poucos.

Ficha Técnica:

Motor - Dianteiro, de quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água; diâmetro e curso dos cilindros, 96,04 x 79,40 mm; 2 300 cm³ de cilindrada total; taxa de compressão, 7,8:1; comando de válvulas de admissão e escapamento no cabeçote acionadas diretamente pelos balancins apoiados em tuchos hidráulicos; potência máxima, 99 CV (72,9 kW) SAE a 5 400 rpm; torque máximo, 16,9 mkgf (165,7 Nm) SAE a 3 200 rpm; alimentado por um carburador de corpo duplo de fluxo descendente; gasolina comum.
Transmissão - Embreagem monodisco a seco "chapéu chinês", de acionamento mecânico; câmbio de quatro marchas sincronizadas para a frente e ré, com alavanca de mudanças na coluna de direção; relações 1ª.) 3,569:1; 2ª.) 2.378:1 3ª.) 1,531:1; 4ª.) 1,00:1; ré) 4,229:1; relação do diferencial: 3,730:1; tração traseira.
Carroceria, chassi - Carroceria de chapa de aço estampado (tampa de porta malas de fribra de vidro), perua de quatro portas, cinco lugares; estrutura monobloco.
Suspensão - Dianteira, independente, com triângulo superior, braços simples inferiores, barras tensoras diagonais, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos, barra estabilizadora; traseira, de eixo rígido com molas semi-elípticas longitudinais e amortecedores hidráulicos telescópicos.
Freios - A disco nas rodas dianteiras e a tambor nas traseiras com servofreio; freio de estacionamento mecânico atuando nas rodas traseiras.
Direção - Mecânica, de esferas recirculantes.
Rodas, pneus - Rodas de aço estampado com tala de 5 polegadas e aro de 14 polegadas; pneus 185 SR 14.
Dimensões - Comprimento total, 473,2 cm; largura, 179,1 cm; altura, 137,2 cm; distância entre-eixos, 279,2 cm; bitola dianteira, 143,3 cm; traseira, 147 cm; altura livre do solo, 17,3 cm.
Capacidade do tanque de combustível - 61 litros.
Peso - 1 400 kg (aferido).
Preço do carro testado - Cr$ 179 135,00."

Informações extraídas ipsis litteris da edição de Julho de 1978 da revista Quatro Rodas, assim transcrita de modo a preservar o estilo de linguagem e o conteúdo exato da publicação original.

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